domingo, 6 de janeiro de 2013

Uma questão de peso...



Sempre!
Sempre o peso a marcar o trajecto da minha vida!

 

E não, não por ter sido sempre obesa, mas por ter sido extremamente magra e detestar comer.

 

Nasci rechonchuda.

Com uns quase quatro kilos.

 A enfermeira que me alimentou no hospital vaticinou: “esta niña va a ser obesa..."
Bem, tendo em conta o peso com que nasci não seria nada difícil adivinhar tal destino.

 

Porém, quando comecei a andar emagreci e a garganta e os ouvidos (sempre andaram "à turra e à massa") ajudaram à festa

. Ficava fula com os comentários:

"Ai M estás tão magrinha!”,

"Tu não comes?".

" A tua mãe dá-te fome?" - Uma alegria, está visto. Tudo era "mau"...

-" Come M! "

- "Não há roupa que te sirva"

- "Pareces uma Etíope!"

- "Um pau de virar tripas...!

 

 

GOD!

Ele eram comentários parvos, concursos para comer, toneladas de vitaminas!

Só na praia e tinha fome. Atacava as peras rocha, que a minha mãe levava aos kilos. Como sabiam bem!

 

Para além da enfermeira Domitília, também o meu pediatra dizia que eu ia ser gorda... (lembro-me do ar condescendente da minha mãe a olhar para mim e para o médico... Sim, gorda, pois)

 

E pelos meus 12 anos, quando comecei a ser menstruada, descobri o que era ter fome e, pior, o prazer da comida.

 

Lembro-me perfeitamente de onde estava e das circunstâncias que me fizeram comer alarvemente, pela primeira vez: num campo de férias, em Monção. Lembro-me de me ter enervado e de me sentir sozinha... pelo meio apareceram uns belos bifes com batatas fritas para me acompanharem.

 

1,2,3 foi dado o pontapé inicial.

 

 Lembro-me de ter engordado ligeiramente, mas eu não tinha essa noção.

 

 Para mim eu era magra.

 

O que os outros diziam até me confortava: " Oh M estás mais gordinha" e eu sentia-me menos culpada por ser o "pau de virar tripas".

Mas o grande” Boom” aconteceu quando o meu irmão morreu.

 

Perdi o meu irmão e ganhei uma nova companhia: a comida.

Fazia carradas de papa saluzena e comia, comia, comia. Tentava deliberadamente encher o vazio. E como o vazio não desaparecia...eu comia!

 

 

Fico por aqui... Revisitar memórias custa e há que saber dar tempo aos afectos.

bjs

M

 

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